segunda-feira, 23 de abril de 2012

CASCA

   Me protege, me envolve. Sendo frágil ou sendo forte. Dentro dela guardo tesouro, amores, sentimentos e um cadinho de mim. Nela isolo minhas fragilidades, por mais frágil que sua estrutura seja.
   As vezes escorrego nela como se fosse casca de banana e também tenho meus sentimentos mais vulneráveis expostos, parecendo uma casca de ovo com um aspecto molega por dentro, assim me sinto quando ela se quebra como se fosse meu coração.
    Me sinto também casca de laranja, tendo os meus segredos descascados aos poucos de maneira circular, sentindo um objeto cortante despindo o que é meu.
    Já fui casquinha de bala, daquelas que nem reparam, apenas jogam fora, pois ler embalagens daria muito trabalho.
     Tenho uma casca chamada pele, que protege meus tecidos do corpo estranho, mas que ao mesmo tempo reconhece o corpo estranho que me faz bem quando tocada.
     Posso ter sido casquinha de ferida para alguém ou ter tido o poder de ter cicatrizado uma dor.
    Tenho também a habilidade de ser casca de abacaxi de vez em quando, que carrega lá os seus espinhos, mas se bem descasca é possível ver a doçura.
    Hoje sou casca de mim, das minhas cascas consigo compreender melhor as minhas dores e amores. Não é importante o tamanho, a espessura ou o "motivo da sua casca", mas quem consegue de mantê-la aparentemente inafetável é capaz de fazer o seu interior espaço habitável de conhecimento de si.




Beijos,
Glau.

domingo, 8 de abril de 2012

Trilho

    Acabo de sair da pizzaria e sabe qual foi a sensação? De satisfação. Sentimento esse que compartilho com orgulho com vocês, pois me mantive satisfeita apenas por me permitir o que era necessário, nada além. Acho válido ressaltar todo o esforço que resulta no que é positivo para você.
    Claro que eu não me vanglorio com os meus excessos cometidos em outros momentos, mas são esses momentos que me fazem repensar o quanto preciso me colocar no trilho. Entendo mais do que nunca o quanto manter o peso é difícil, muito mais do que perdê-lo. O sentimento de constância não nos revela nenhuma emoção, é sempre igual. Isso influencia a vontade de permanecer com a mesmice. Encontrar possibilidades que nos levem a quebra da rotina é trabalhoso, por isso é muito mais fácil render-se as tentações do que resistir a elas.
    Também na mesa de pizzaria surgiu outros assuntos, dentre eles sobre futuro. Desde que me fiz gente, eu gosto de traçar planos para o futuro. Falamos sobre a nossa realidade e de como gostaríamos que fosse, por fim concluimos que temos diversos desejos desencontrados, mas nada específico. Entendi que se focarmos num objetivo, temos mais chance de conquistá-lo do que se dividirmos nossos desejos pontos diferentes e tentarmos acertá-lo com um dardo. É bom refletir e buscarmos mais estratégias para entender o que realmente queremos e dedicar-se a isso.
     Depois de um acontecimento pessoal na minha família, relacionado a saúde, passei a colocar na balança coisas que realmente importam. Conseguindo separar o essencial do supérfulo, a diferença do amor dito e do amor apenas sentido e o valor de cada sorriso, palavra e carinho que as vezes passam desapercebidos. Passou. Deus me trouxe serenidade. E isso tudo mexeu até com a minha cautela quanto as finanças. Tenho me preocupado mais com o necessário, com o que importa, com o que emerge.
   Outra coisa, tenho encontrado muito conforto na escrita. Sempre tive muita vergonha de que outras pessoas lêssem o que eu escrevo, vergonha da minhas ideias mesmo. Até mesmo na faculdade. Achava levianas demais, mas compreendi que se elas fizerem sentido verdadeiro para mim, terão um significado coerente para quem lê.
  Mas superar a dificuldade de me sentir julgada me persegue desde os tempos em que era gordinha. Na verdade quem sempre me julgou fui eu, que me sentenciei como culpada e por isso achei que devia responder ( dar satisfação) aos outros através do meu peso, da roupa que eu vestia, da maneira como escrevia, dos gestos pensados para agradar... Precisei mudar e perceber que me enganei e que bom que foi à tempo. Mas que as pessoas não esperem algo de mim, pois já não sou mais a mesma.


Beijos,
Glau e seus 65 kg, rs.